Vistos como subgente ou escória da humanidade, os imigrantes lutam desesperadamente para encontrar um lugar onde possam viver com dignidade. Os governos das potências mundiais insistem em tratar esses milhares de homens, mulheres, crianças, idosos como lixo e reforçam a velha ideia da construção de muro na tentativa de protegerem seus países. A política anti-imigração ganha contornos cada vez mais perversos e expõe o fracasso do modelo de desenvolvimento eleito pelos países mais ricos que descobrem a impossibilidade de serem ilhas.
O Brasil, formado por diferentes povos, enfrenta uma linha tênue para não se tornar um dos países que rejeita imigrantes. As imagens exibidas na última sexta-feira, quando milhares de pessoas da América Central decidiram atravessar as fronteiras em busca de moradia no México e nos Estados Unidos são parte desses indicadores da necessidade de rever o progresso do mundo e questioná-lo. Não é saudável que poucos países possam se isolar em padrões elevadas de vida enquanto assistem a expansão da miséria na Terra, com o agravante de alguns desses países usufruírem de bem-estar a partir da manutenção de práticas de exploração nas demais nações.
O impasse é: os governos do mundo desenvolvido decidem tratar com seriedade e numa perspectiva mais humanizadora a imigração e os efeitos dela na atualidade ou estará dizendo sim a políticas de mortes em massa ora pelo mar, ora nas estradas ora em áreas de acampamentos forçados. A globalização da economia também produziu uma série de aniquilamentos que exigem dos líderes governamentais outra postura onde temas como corrupção, desemprego, tráfico de drogas, governos autoritários e concentração exacerbada da riqueza exigem ser avaliados não mais internamente e sim na conexão real que possui e que se realiza com a explosão da imigração.
A inteligência dos homens e os avanços da ciência oferecem instrumentos que, se operacionalizados, poderiam representar o grande esforço dos governos para enfrentar a grave crise quase mundial e buscar soluções coletivas, criativas e de compartilhamento que, por sua vez, só podem brotar em solos preparados para valorizar a experiência humana humanizadora e humanizante. Até agora, prevalece o ato insano de governantes que contamina setores da população dos países mais procurados pelos imigrantes de que essas pessoas são a ralé a ser descartada.
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