Os primeiros dias do horário político gratuito no rádio e na televisão apresentam uma soma do porquê de a política se encontrar no estágio atual. Os vários confrontos, os conflitos e o barulho feito pró-impeachment, a consumação da retirada do cargo da presidente Dilma Rousseff, as cenas seguintes onde quantias elevadas de dinheiro foram interceptadas em mala e colchão, conteúdos telefônicos comprometedores até à prisão do ex-presidente Lula são agora diluídos em falas que estão distantes do Brasil real.
A maior parcela dos candidatos fazem sobrevoos, alguns completamente irresponsáveis, em que o Brasil é tratado mais na perspectiva do negócio que podem realizar, repetem sem cerimônia promessas impossíveis e se colocam como salvadores da pátria. A justiça, em atuação política, decidiu quem e como participar, poupou parlamentares que deveriam ter sido julgados por atos de corrupção e estes, agora, se apresentam como candidatos empunhando a bandeira da ética política num claro acinte à justiça e à sociedade. Seletiva, a justiça brasileira demonstrou o quanto pode atuar para fragilizar as instituições democráticas.
Diante dessa primeira rodada de propaganda eleitoral gratuita, o que fica são as indicações de uma decisão de pregar mudanças para manter o mesmo quadro. Para os eleitores, parte desse grande cenário de controvérsias, está a tarefa de ampliar o olhar e de se sentir disposto a fazer perguntas caso as condições de vida na cidade onde vive, e das outras cidades onde vivem outras pessoas tenham importância para eles. Um grupo de candidatos a cargos no Executivo e no Legislativo apresenta como solução à população o armamento – que uns matem os outros – como forma de justiça, e setores da sociedade duramente atingidos pela violência aplaudem esse tipo de proposta. Um modelo que não deu certo em nenhum lugar. Os Estados Unidos vivem o horror do descontrole no uso de armas com centenas de mortos e a proposta, irresponsável do presidente norte-americano, de armar professores em sala de aula para que estes resolvam à bala os ataques.
Em meio a esse quadro de turbulência e posições radicalizadas, são os eleitores mais comprometidos com o Brasil que terão a tarefa urgente de conversar, de debater e de perceber entre esses candidatos quais são os que oferecem condições de diálogo, de retomar o respeito às instituições e defender a dignidade de todos os brasileiros.
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