O País todo ainda lamenta a destruição do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, reduzido a cinzas por um incêndio no último domingo. Pedaços importantíssimos de história se foram para sempre, como “Luzia”, o mais antigo esqueleto humano do País, múmias e ossadas de espécies brasileiras de dinossauros, sem falar no prédio em si, uma construção de 1803 que foi palco de trechos importantes da história do nosso País.
É preciso que a consternação não se restrinja ao luto temporário, mas que se converta em uma nova atitude, tanto do poder público quanto da população, em relação à própria história, e à forma como ela é preservada. Não adianta passar a vida sem por os pés em um museu e publicar emoticon “triste” a respeito da tragédia nas redes sociais.
A possível destruição de um acervo completo de peças etnográficas do Amazonas que estavam no Museu Nacional traz outro alerta: quantos acervos com material de valor histórico e cultural do Estado estão espalhados pelo País e pelo mundo, esquecidos em porões e fora do acesso de pesquisadores? Como esse material foi parar lá e como resgatá-los? Talvez seja até impossível responder a essas perguntas.
No caso específico do Amazonas há um grande descaso com a preservação do nosso próprio patrimônio histórico. O descaso está nas ruas, nos casarões apodrecendo dia após dia no Centro antigo de Manaus, no prédio da Santa Casa saqueado e desmontado aos poucos por vândalos bem debaixo dos olhos do povo e das autoridades, nos museus e bibliotecas esquecidos tanto pelo poder público quanto pelos usuários. A preservação desse patrimônio é responsabilidade de todos e de cada um.
A escola tem um papel fundamental no resgate da importância dos museus e do reconhecimento de seu papel na preservação da história. Mas como fazer isso quando o próprio ensino de história se mostra tão falho? Basta perceber a quantidade de pessoas que revelam nas redes sociais total desconhecimento a respeito de períodos importantes da história recente do País.
É possível que, das cinzas do Museu Nacional, o Brasil inaugure um momento, de mais respeito pela própria cultura. Verbas para a pesquisa há muito tempo deixaram de ser prioridade por parte dos governos. O próprio Museu Nacional não recebia verbas federais necessárias à sua manutenção havia quatro anos. Agora que foi destruído, o governo anuncia R$ 10 milhões para iniciar a reconstrução de algo que não preço.
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