A solidariedade é mais fácil no discurso do que na prática. O drama dos refugiados costumava ser um problema distante, bem distante da realidade brasileira. Olhando pela TV, é fácil se comover e se indignar com o tratamento dispensado por alguns governos. Quando o problema bateu à porta dos brasileiros, porém, a situação mudou de figura. Sem preparo e reagindo tardiamente ao problema que já se manifestava por aqui desde a onda migratória dos haitianos que começou no início da década, os governos federal e estaduais batem cabeça para abordar a situação dos migrantes.
É importante prevenir e evitar episódios como os recentes atos de violência ocorridos em Roraima, vitimando brasileiros e, principalmente, venezuelanos.
Lidar com o fenômeno migratório não é responsabilidade apenas do poder público, a sociedade civil também precisa atuar ativamente. Um bom exemplo é o que está ocorrendo na Casa de Acolhida Santa Catarina de Sena, em Manaus, que recebeu ontem 20 famílias venezuelanas. São pessoas que fogem do caos em seu país natal e buscam uma alternativa para recomeçar a vida.
A Casa de Acolhisa é mantida pela Cáritas Arquidiocesana de Manaus, com apoio da Agência das Nações Unidas (ONU) para os Refugiados (ACNUR) e parceiros locais. A ação foi possível graças ao apoio do Exército Brasileiro, que fez o transporte dos migrantes de Boa Vista (RR) até Manaus. É uma iniciativa louvável que precisa ser replicada e ampliada. O momento exige a prática da solidariedade real. Se metade das pessoas que se dizem cristãs tomasse alguma iniciativa para amenizar a situação dos migrantes, o desafio seria bem menor.
É um desafio desenvolver políticas públicas para atender os migrantes quando a própria população local precisa de atenção em tantas áreas. Mas é um desafio do qual não podemos nos esquivar. Não se pode fechar as portas do País - como muitos defendem - e lavar as mãos para os graves problemas vividos no país vizinho. Tampouco se deve deixar os migrantes ao léu, o que só agrava o cenário geral, com aumento da prostituição, da indigência e dos índices de criminalidade.
A crise na Venezuela não vai durar para sempre, o país vai reencontrar seu rumo e os venezuelanos deixarão de ser fugitivos de sua própria nação. Até lá, o Brasil e seu povo não pode ficar inerte.
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