Para o ex-soldado da borracha, Venceslau Ferreira da Silva, 95, um dos primeiros a ser beneficiado no Estado, o pagamento é um forma de justiça para os ex-seringueiros.
Sandra Líbia da Cunha Barbosa, 62, filha do ex-soldado da borracha, Heitor Araújo Barbosa, já falecido, destacou que o pai veio do Ceará (CE) para trabalhar como seringueiro no interior de Maués (a 276 quilômetros da capital).
Segundo ela, ele trabalhou dos 12 anos aos 65 com borracha. Mesmo tendo documentos assinados pelo dono do seringal, ele não conseguiu ganhar nenhuma indenização em vida.
Agora, Sandra espera que os dependentes do ex-soldado da borracha, Heitor Araújo Barbosa, consigam receber a indenização de R$ 25 mil, uma vez que é um direito dos ex-soldados e pensionistas.
“Meu pai faleceu no ano passado e não recebeu nada relacionado à borracha e olha que ele trabalhou quase até a morte com a produção de borracha. Como ele não está mais entre nós, o direito de receber esse benefício é dos seus filhos”, frisou.
Ao todo no Brasil, são 11.792 ex-soldados e pensionistas, sendo 5.243 ex-soldados da borracha e 6.549 dependentes. No total, o governo pagará R$ 294,8 milhões em indenizações.
Reconhecimento tardio
Autora da PEC que resultou na indenização de R$ 25 mil aos soldados da borracha que chegaram até 1934 à Amazônia, a senadora Vanessa Grazziotin informou, por meio da assessoria de imprensa, que o pagamento de indenização é uma conquista histórica.
Conforme ela, o fato entra para a história do país, pois é um reconhecimento da nação, “que indeniza, ainda que numa quantia muito menor que eles merecem, uma legião de brasileiros, a maioria de nordestinos, que contribuiu para o esforço de guerra contra o nazifacismo durante a Segunda Guerra Mundial”.
Na ocasião, eles forneciam o látex para os Estados Unidos produzirem a borracha para a fabricação de pneus de aviões e para tudo que o produto servia na indústria bélica.
“Muitos deles morreram esperando esse benefício, outros nem acreditavam que um dia sairia, mas aqui estamos, com o valor sendo pago. É menor do que gostaríamos, claro, mas foi fruto de negociação, e apesar de ter demorado, o projeto foi aprovado e virou lei, Emenda à Constituição”, destacou Vanessa Grazziotin.
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